Anarquismo na Espanha

O anarquismo por ser uma filosofia política que propõe uma sociedade de liberdades individuais, sem autoridade ou poder estatal, baseada na ajuda mútua e na cooperação voluntária,[1][2][3][4][5][6][7] historicamente encontrou grande respaldo e influência no território espanhol, especialmente antes da vitória do general Francisco Franco na Guerra Civil espanhola, e durante esta (entre 1936 e 1939), ao se iniciar a chamada Revolução Espanhola como resposta à intenção de golpe de estado.

Existiam muitas variantes do anarquismo na Espanha: o anarquismo do campesinato na área rural de Espanha, o anarcossindicalismo urbano na Catalunha, especialmente em sua capital Barcelona, e o Anarquismo que é às vezes chamado de "puro" em outras cidades, tais como Zaragoza. No entanto, esses movimentos eram bastante semelhantes e compartilhavam uma ideologia comum.

A princípio, os êxitos do movimento anarquista foram esporádicos. Porém, com o tempo, os anarquistas começaram a organizar greves que acabaram se disseminando por todo o país. Normalmente, a repressão da polícia reduziu o número de manifestantes, mas, ao mesmo tempo, causou maior revolta da população. Este ciclo ajudou a liderar uma era de violência mútua, no início do século XX, em que anarquistas e pistoleiros armados pagos por donos de empresas, cometeram vários assassinatos políticos.

Posteriormente, no século XX, a violência começou a diminuir, e o movimento ganhou velocidade com a revolta de anarcossindicalismo e da criação do grande sindicato libertário, a CNT. As greves gerais passaram a ser comuns, e uma grande parte do movimento operário espanhol adotou o ideal anarquista. A FAI desde a sua criação foi uma associação essencialmente libertária, cuja intenção era garantir que a C.N.T. permanecesse fiel aos princípios do anarquismo.

Os anarquistas desempenharam um papel de destaque na luta armada contra a ditadura de Franco durante a Guerra Civil Espanhola. Ao mesmo tempo, uma revolução social de grande escala se expandiu por todo o território espanhol ao sul, onde todas as terras e fábricas foram coletivizadas e controladas pelos trabalhadores. A revolução começou a decair com o crescimento da filiação e a ascensão ao novo governo, em meados de 1937, do Partido Comunista da Espanha, cuja política era determinada pelo Ministério do Exterior da União Soviética stalinista. Este partido iniciou uma política de militarização progressiva e assimilação das milícias populares, hierarquizando e diminuindo a influência destas na administração estatal, assim como fortalecendo e recuperando o controle institucional do Estado. Assim, incrementando seu caráter repressivo, reduzindo a influência dos principais grupos revolucionários e milicianos, e restringindo sua liberdade de ação, tal como a proibição do jornal da FAI e a censura de outros meios. Porém, o fim verdadeiro só ocorreria com o fim da guerra em 1939, com a vitória do exército comandado por Franco, o qual executaria centenas de anarquistas e encarceraria um grande número de dissidentes, como presos políticos, a maioria esquerdistas, republicanos e críticos do novo regime. Porém, a resistência a sua ditadura nunca cessou completamente, ainda havia simpatizantes participando em atos de sabotagem e outros modos de ação direta, e, em alguns casos, atentados contra a vida do próprio governante.

O legado deles continua sendo importante até hoje, particularmente para os anarquistas, e todos aqueles que vêem seus atos como um precedente histórico de confirmação para um possível processo de mudança social revolucionária, com a instauração de uma estrutura social sem governo, organizada através da participação direta do povo e direção coletiva e democrática dos meios de produção.

  1. "ANARCHISM, a social philosophy that rejects authoritarian government and maintains that voluntary institutions are best suited to express man's natural social tendencies." George Woodcock. "Anarchism" at The Encyclopedia of Philosophy
  2. "In a society developed on these lines, the voluntary associations which already now begin to cover all the fields of human activity would take a still greater extension so as to substitute themselves for the state in all its functions." Peter Kropotkin. "Anarchism" from the Encyclopædia Britannica
  3. "Anarchism." The Shorter Routledge Encyclopedia of Philosophy. 2005. p. 14 "Anarchism is the view that a society without the state, or government, is both possible and desirable."
  4. Sheehan, Sean. Anarchism, London: Reaktion Books Ltd., 2004. p. 85
  5. "as many anarchists have stressed, it is not government as such that they find objectionable, but the hierarchical forms of government associated with the nation state." Judith Suissa. Anarchism and Education: a Philosophical Perspective. Routledge. New York. 2006. p. 7
  6. "That is why Anarchy, when it works to destroy authority in all its aspects, when it demands the abrogation of laws and the abolition of the mechanism that serves to impose them, when it refuses all hierarchical organisation and preaches free agreement — at the same time strives to maintain and enlarge the precious kernel of social customs without which no human or animal society can exist." Peter Kropotkin. Anarchism: its philosophy and ideal
  7. "anarchists are opposed to irrational (e.g., illegitimate) authority, in other words, hierarchy — hierarchy being the institutionalisation of authority within a society." "B.1 Why are anarchists against authority and hierarchy?" in An Anarchist FAQ

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